sexta-feira, 9 de outubro de 2015

Healthy and Delicious #Viver de complexos

Complexos? Mas o que é isso? O que é que isso muda na nossa vida? Em que pessoa nos transforma?

“És uma rapariga igual às outras.” 
“O físico não interessa para nada.”
 “Isso são coisas da tua cabeça.”
 “São fases, isso passa-te.”  

Sempre ouvi coisas do género durante a minha adolescência... Contudo, não era isso que se passava na minha cabeça. Achava que não estava à altura das outras raparigas que eu conhecia. Elas eram giras, magras, com corpos bonitos, tinham muitos amigos, tinham confiança nelas próprias e uma auto estima enorme e ,como é normal, tinham namorado. Eram pessoas felizes e bem resolvidas, pelo menos era o que eu pensava naquela altura. 

Bem, comigo passava-se o contrário. Sempre tive peso a mais, desde criança. Comecei a sentir esse “peso” nas minhas costas por volta da fase da adolescência, Nessa fase muitas pessoas são cruéis, e chamavam-me nomes como “oh gorda!” “oh feia”, “assim nunca arranjas um namorado”. Aquelas frases horríveis que só quem passou por isto sabe do que eu estou a falar. 
Sim, sofri muito. Não era fácil ter que ouvir aquelas palavras todos os dias. Não gostava daquelas pessoas nem de ter que olhar para elas todos os dias. Queria acreditar que um dia tudo isso ia passar. Mas não passou. Tornei-me numa rapariga extremamente complexada com o meu corpo. Não gostava de mim, achava-me feia, gorda.
 Mas não foi só a nível físico que fique afectada. Tornei-me numa rapariga sem confiança nela própria, sem auto-estima, com dificuldade em relacionar-se com os outros, tímida, inibida, introvertida, sem amor próprio. 

Até ir para a escola secundária nunca tive amigos de verdade. Sim, eu sei que estão a pensar : “que triste!”, mas é a verdade. Só nessa altura é que encontrei amigas de verdade, aquelas que me aceitaram como eu era, que me apoiaram e defenderam! Aquelas que são para a vida, sabem do que estou a falar?
Nessa altura, por volta dos meus 17 anos, as coisas foram melhorando. Não é que me tivesse esquecido dos meus complexos. Não. Sempre os tive, mas já não fazia caso da situação. No entanto, eram os meus problemas de confiança e de auto-estima que mais me “perseguiam”. 
Era difícil ver as minhas amigas com os namorados delas, ver como elas eram confiantes e positivas para com a vida. Eu tinha vergonha até de assumir uma paixoneta porque tinha medo do que as pessoas iam pensar, do que iam falar. Já sabia que ia ser gozada. Preferia ficar calada e nunca lutei realmente por ninguém que eu amava. “Não vale a pena”, “Nunca vão gostar de mim assim”. Eram pensamentos que me passavam pela cabeça. 

Esta era eu, há uns 2 ou 3 anos atrás. Agora sou uma rapariga completamente diferente! Agora sou feliz. E tudo começou com a entrada na Universidade. No fundo, conhecer pessoas novas e viver novas experiências fez com que se acendesse uma luzinha na minha cabeça. 
“Não, eu vou ser feliz , mas primeiro tenho que começar a gostar de mim , antes de gostar de alguém”.
 Comecei a ter mais cuidado com as coisas que comia e bebia, tentava fazer mais exercício. O problema era que muitas vezes era impedida por aquela coisinha a que chamamos preguiça. Ao fim do 1º ano de universidade, os meus amigos mais próximos diziam que notavam algumas diferenças. Não a nível físico , antes a nível psicológico. Já fazia amizades mais facilmente, já não era aquela rapariga que se sentava num café com amigos e estava calada.

Bom, eu já falei e falei, mas a minha grande mudança e o “click” deu-se no início deste ano. 
Sabem aqueles desejos que fazemos na passagem do ano? 
Bem, os meus estão a realizar-se! Mas tudo ao seu tempo. 
 Na realidade tudo começou por causa de uma amiga. No ínicio deste ano, inscrevemo-nos as duas num ginásio. Sempre foi algo que eu gostava de experimentar mas faltava-me motivação para ir. Tínhamos as duas objectivos diferentes, mas quando puxávamos uma pela outra era mais fácil. Nunca pensei em algum dia dizer isto, mas o que aconteceu é que ganhei um gosto enorme pelo exercício. Por motivos que agora não interessam, essa minha amiga não pode mais ir ao ginásio. E eu , como já estava motivada o suficiente, comecei a ir todos os dias sozinha.

Alimentação. Outra coisa que mudei radicalmente. Informei-me, fiz pesquisa, inspirei-me noutras pessoas. Dicas aqui, dicas ali. Começaram a chegar os resultados: 6 kg perdidos nos primeiros 2 meses!
Comecei a pensar que realmente estava a valer a pena o meu esforço e dedicação e comecei a ter cada vez mais força de vontade. Podia chegar ao fim do dia extremamente cansada mas eu sabia que ia valer a pena. Ia ser recompensador no final. Ao fim de 6 meses de luta perdi 14 kg. As mudanças corporais eram muito grandes, gosto muito mais do meu corpo, gosto muito mais de mim. 
Aliás, amo-me! 
Todas estas mudanças físicas provocaram uma mudança psicológica. Uma rapariga muito mais à vontade consigo e com os outros, extrovertida, com confiança, com uma auto estima alta, que já não tem “medo” de se relacionar com o sexo oposto, de dizer e lutar por aquilo que sente, linda e maravilhosa: esta sou eu!

Não há nada melhor do que ouvirmos as outras pessoas dizerem o quanto estão orgulhosas das coisas que nós fazemos! E claro que sabe bem e nos sobe o ego! E com isto tudo, algumas pessoas amigas começaram a pedir-me dicas de alimentação. 
Surgiu então a ideia de criar uma página onde partilho algumas das minhas refeições. 
Não pretendo com a página gabar-me do meu feito mas sim inspirar outras pessoas que passaram pelo mesmo que eu e que querem adoptar um estilo de vida mais saudável, assim como outras pessoas me inspiraram a mim. 
Tenho tido um feedback muito positivo com a minha página. 
Healthy and Delicious” (link no nome) é o nome da minha página! Passem lá para dar uma vistinha de olhos! 

Para muitos pode não ser nada de mais mas, para mim , o facto de uma pessoa mudar os seus hábitos alimentares já é uma conquista.
Aprendi muito. Um corpo bonito não é tudo. Temos que gostar de nós por aquilo que somos e não por aquilo que os outros gostavam que nós fossemos. Não mudem só para agradar a este ou aquele. Mudem por vocês e para vocês! Os outros têm que nos amar por aquilo que somos e não pelo que querem ver construído. Eu mudei por mim e para mim.
A minha luta ainda continua. Não que não goste de mim. Eu gosto. Mas, á medida que vamos vendo resultados, queremos sempre mais e melhor. Os objectivos para o nosso corpo também mudam e há que trabalhar para isso. Mas sempre aliado a uma boa alimentação, não se esqueçam! 

O que mais positivo vejo na minha mudança foi aprender a gostar de mim. Amem-se mais que tudo e sejam felizes da maneira que mais gostarem.
Catarina, 22 anos, linda e maravilhosa! Com orgulho na mulher que me tornei! Esta sou eu e esta é a minha história. 



Por: Catarina Mendes